Janaina Betto¹
A abordagem do
tema Relações Internacionais entre estudantes de agronomia teve seu surgimento
por volta dos anos 60, momento em que o Diretório Central de Estudantes de
Agronomia do Brasil (DCEAB) buscava a realização de um evento que pudesse
tratar de assuntos em comum entre acadêmicos de toda a América Latina. Isso
então foi possível em 1963, através da I Convenção Latina-Americana de
Estudantes da Agronomia, evento o qual aconteceu na UFRRJ. O mesmo teve sua
segunda edição em meados de 1965 no México, porém de maneira mais remota, uma
vez que, o período de regimes militares já passava a interromper estas
articulações, colocando também o DCEAB e outras organizações estudantis na
clandestinidade.
Quase
duas décadas depois, essa clandestinidade começa a ser deixada de lado e surge
um novo envolvimento entre militantes da FEAB de países latino-americanos,
surgindo assim novas discussões a respeito da criação de uma confederação
latino Americana de entidades estudantis de agronomia. Desta maneira, em 1989
no XIII Festival Mundial da Juventude, 7 países latino-americanos assinam um
manifesto para a realização do I Congresso Latino Americano e Caribenho de
Entidades Estudantis de Agronomia – CLACEEA. E nesta mesma ocasião ocorre uma
articulação entre a FEAB e a AEIA (Associação dos Estudantes de Agronomia na
Nicarágua), o que possibilitou o surgimento de um estágio de vivência entre os
estudantes destes dois países, projeto concretizado através do I CLACEEA na
cidade de Pelotas.
Por
decorrência da participação de poucos países neste primeiro congresso,
realizou-se um II CLACEEA com a mesma temática na Bolívia, possibilitando desta
forma a criação da Confederação Caribenha e Latino Americana de Estudantes da
Agronomia – a CONCLAEA, a qual teve a FEAB como Coordenação Geral por 3 vezes.
Desta forma, a CONCLAEA surge como um espaço para fortalecimento e articulação
de estudantes para a integração dos povos da América Latina, objetivo o qual
tem precedentes históricos, uma vez que, toda a América Latina sofreu o mesmo
processo de roubo e violação de seus povos e o que a história esquece de contar
é que o subdesenvolvimento é fruto do desenvolvimento.
Assim, este povo
que é acostumado a sofrer tem aprendido a se organizar e que o nosso silêncio é
a maior arma do sistema de exploração. Por isso precisamos nos manifestar para
caminharmos rumo ao avanço da emancipação da Pátria Latino Americana, através
de transformações estruturais da sociedade por meio dessa articulação.
A
CONCLAEA hoje está organizada como um fórum de entidades estudantis, avançando
em termos políticos e organizacionais. Então, como a FEAB deve se colocar
frente a isso?
No
último congresso deliberou-se pelo Socialismo em pleno território fascista. Os
estágios de vivência que ocorrem depois dos congressos vem acontecendo todos os
anos. O Sentimento de pertença à organização já faz estudantes de outros cursos
levarem à frente a bandeira do CONCLAEA em seus países, sentimento o qual
também desperta nos jovens militantes a vontade de construir o movimento
estudantil dos países da América através do resgate da cultura Mochileira. A
América Latina passa por um processo de rearticulação das forças rumo à ascensão
das lutas sociais.
Desta
forma, o movimento começa a entender seu papel e a CONCLAEA é a expressão mais
militante existente hoje dentro da América Latina. Assim, a FEAB é convidada a
compor, construir e discutir. É considerada exponencial dentro do Movimento
Estudantil no Brasil pelo seu comprometimento com o povo e os movimentos
sociais. E esse papel exercido pela FEAB e CONCLAEA é um grande marco, uma vez
que tornam-se o norte dos militantes da América Latina que carregam em sua
história traços de dominação, mas também sonho de liberdade, sonho este que
pode ser observado no 45º CONEA quando sob o vento frio do inverno paranaense, a gigante
bandeira que saúda o Socialismo balançava e os militantes da FEAB discutiam o
papel dos estudantes e da juventude frente à América Latina hoje.
É
nosso papel, não só enquanto militantes como também humanos fortalecer as
relações entre os Movimentos Sociais e o Movimento Estudantil na América Latina
e no Caribe. Sem dúvidas, assim como a realização da CONCLAEA, realizar o 2º ERA SUL é tomar frente a um
grande instrumento para avançarmos nos movimentos sociais.
Onde
há experiência, há aprendizado. É hora de despertamos pelo nosso povo, luta e
história. Precisamos nos comprometer com a causa e sermos bons... Bons através
da nossa entrega como militantes, tornando-nos imprescindíveis na luta, pois é
nosso dever histórico como humanos e latino-americamos.
Vale
encerrarmos esta reflexão, através da citação de um grande representante da
nossa luta:
“Vocês, ESTUDANTES DE TODO O MUNDO, jamais se
esqueçam de que por trás de cada técnica há alguém que a empunha e que esse
alguém é uma sociedade, e que se está a favor ou contra essa sociedade. Que no
mundo há os que pensam que a exploração é boa e os que pensam que a exploração
é ruim e que é preciso acabar com ela. E que mesmo quando não se fala de
política em nenhum lugar, o homem político não pode renunciar a essa situação
imanente à sua condição de ser humano. E que a técnica é uma arma e que quem
sinta que o mundo não é tão perfeito quanto deveria ser deve lutar para que a
arma da técnica seja posta a serviço da sociedade, e antes, por isso, resgatar
a sociedade, para que toda técnica sirva à maior quantidade possível de seres
humanos.”
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¹Graduanda do 7º semestre de Engenharia Florestal pela UFSM/CESNOSRS e militante da ABEEF
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