terça-feira, 10 de abril de 2012

“As fronteiras nacionais nos dividem, a classe nos une!” - Relações Internacionais

   Janaina Betto¹   
A abordagem do tema Relações Internacionais entre estudantes de agronomia teve seu surgimento por volta dos anos 60, momento em que o Diretório Central de Estudantes de Agronomia do Brasil (DCEAB) buscava a realização de um evento que pudesse tratar de assuntos em comum entre acadêmicos de toda a América Latina. Isso então foi possível em 1963, através da I Convenção Latina-Americana de Estudantes da Agronomia, evento o qual aconteceu na UFRRJ. O mesmo teve sua segunda edição em meados de 1965 no México, porém de maneira mais remota, uma vez que, o período de regimes militares já passava a interromper estas articulações, colocando também o DCEAB e outras organizações estudantis na clandestinidade.
            Quase duas décadas depois, essa clandestinidade começa a ser deixada de lado e surge um novo envolvimento entre militantes da FEAB de países latino-americanos, surgindo assim novas discussões a respeito da criação de uma confederação latino Americana de entidades estudantis de agronomia. Desta maneira, em 1989 no XIII Festival Mundial da Juventude, 7 países latino-americanos assinam um manifesto para a realização do I Congresso Latino Americano e Caribenho de Entidades Estudantis de Agronomia – CLACEEA. E nesta mesma ocasião ocorre uma articulação entre a FEAB e a AEIA (Associação dos Estudantes de Agronomia na Nicarágua), o que possibilitou o surgimento de um estágio de vivência entre os estudantes destes dois países, projeto concretizado através do I CLACEEA na cidade de Pelotas.
            Por decorrência da participação de poucos países neste primeiro congresso, realizou-se um II CLACEEA com a mesma temática na Bolívia, possibilitando desta forma a criação da Confederação Caribenha e Latino Americana de Estudantes da Agronomia – a CONCLAEA, a qual teve a FEAB como Coordenação Geral por 3 vezes. Desta forma, a CONCLAEA surge como um espaço para fortalecimento e articulação de estudantes para a integração dos povos da América Latina, objetivo o qual tem precedentes históricos, uma vez que, toda a América Latina sofreu o mesmo processo de roubo e violação de seus povos e o que a história esquece de contar é que o subdesenvolvimento é fruto do desenvolvimento.
Assim, este povo que é acostumado a sofrer tem aprendido a se organizar e que o nosso silêncio é a maior arma do sistema de exploração. Por isso precisamos nos manifestar para caminharmos rumo ao avanço da emancipação da Pátria Latino Americana, através de transformações estruturais da sociedade por meio dessa articulação.
            A CONCLAEA hoje está organizada como um fórum de entidades estudantis, avançando em termos políticos e organizacionais. Então, como a FEAB deve se colocar frente a isso?   
            No último congresso deliberou-se pelo Socialismo em pleno território fascista. Os estágios de vivência que ocorrem depois dos congressos vem acontecendo todos os anos. O Sentimento de pertença à organização já faz estudantes de outros cursos levarem à frente a bandeira do CONCLAEA em seus países, sentimento o qual também desperta nos jovens militantes a vontade de construir o movimento estudantil dos países da América através do resgate da cultura Mochileira. A América Latina passa por um processo de rearticulação das forças rumo à ascensão das lutas sociais.
           Desta forma, o movimento começa a entender seu papel e a CONCLAEA é a expressão mais militante existente hoje dentro da América Latina. Assim, a FEAB é convidada a compor, construir e discutir. É considerada exponencial dentro do Movimento Estudantil no Brasil pelo seu comprometimento com o povo e os movimentos sociais. E esse papel exercido pela FEAB e CONCLAEA é um grande marco, uma vez que tornam-se o norte dos militantes da América Latina que carregam em sua história traços de dominação, mas também sonho de liberdade, sonho este que pode ser observado no 45º CONEA quando sob o vento frio do inverno paranaense, a gigante bandeira que saúda o Socialismo balançava e os militantes da FEAB discutiam o papel dos estudantes e da juventude frente à América Latina hoje.
            É nosso papel, não só enquanto militantes como também humanos fortalecer as relações entre os Movimentos Sociais e o Movimento Estudantil na América Latina e no Caribe. Sem dúvidas, assim como a realização da CONCLAEA,  realizar o 2º ERA SUL é tomar frente a um grande instrumento para avançarmos nos movimentos sociais.
            Onde há experiência, há aprendizado. É hora de despertamos pelo nosso povo, luta e história. Precisamos nos comprometer com a causa e sermos bons... Bons através da nossa entrega como militantes, tornando-nos imprescindíveis na luta, pois é nosso dever histórico como humanos e latino-americamos.
            Vale encerrarmos esta reflexão, através da citação de um grande representante da nossa luta:
“Vocês, ESTUDANTES DE TODO O MUNDO, jamais se esqueçam de que por trás de cada técnica há alguém que a empunha e que esse alguém é uma sociedade, e que se está a favor ou contra essa sociedade. Que no mundo há os que pensam que a exploração é boa e os que pensam que a exploração é ruim e que é preciso acabar com ela. E que mesmo quando não se fala de política em nenhum lugar, o homem político não pode renunciar a essa situação imanente à sua condição de ser humano. E que a técnica é uma arma e que quem sinta que o mundo não é tão perfeito quanto deveria ser deve lutar para que a arma da técnica seja posta a serviço da sociedade, e antes, por isso, resgatar a sociedade, para que toda técnica sirva à maior quantidade possível de seres humanos.”
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 ¹Graduanda do 7º semestre de Engenharia Florestal pela UFSM/CESNOSRS e militante da ABEEF

                                                                                                                     

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